No dejes el barco, tanto antes de que zarpemos, hacia alguna isla desierta. Y despues? Despues veremos...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

METADE


Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza.
Que o homem que amo seja pra sempre amado mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida, a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor.

Apenas respeitadas.
Como a única coisa que resta a uma pessoa inundada de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço, a outra metade é o que calo.

Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e paz que mereço.

Que a tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que penso, a outra metade um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste.
E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito.

E que o seu silêncio me fale cada vez mais
.
Porque metade de mim é abrigo, a outra metade é cansaço.

Que a arte me aponte uma resposta mesmo que ela mesma não saiba.

E que ninguém a tente complicar, pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
.
Porque metade de mim é platéia a outra metade é canção.
Que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor e a outra metade também.

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